Quando a desigualdade de género parte de outra mulher
Hoje estou triste. Muito triste.
Falar da desigualdade de género é para mim uma batalha, na maior parte das vezes incompreendida por grande parte da população masculina que tem tendência a desvalorizar e até contrariar. Mesmo assim não deixo de tentar sempre fazer ver a realidade dura da maior parte das mulheres no seu dia-a-dia e, quando consigo fazer ver a alguém as desvantagens de que todas as mulheres são portadoras, fico extremamente feliz. Conseguir mudar a visão de apenas uma pessoa é para mim uma vitória, já que uma das minhas frases preferidas neste contexto é “grão a grão, enche a galinha o papo”.
E é assim que chego ao assunto de hoje. Porque fico tão magoada e triste quando se trata de ser necessário fazer ver a desigualdade a uma mulher. Como é possível? Como pode uma mulher tecer comentários sexistas? Como pode uma mulher fazer-se reduzir ao facto de se achar de alguma forma um ser inferior? Como pode uma mulher concordar com comentários sexistas de alguém que deve pensar que nasceu de uma chocadeira e não de uma mulher? E não só concordar mas ainda reforçar. Como podemos mudar a nossa sociedade quando são as próprias mulheres a criar estereótipos que validam os comportamentos machistas?
Pronto, desabafei.
E para ti Mulher, que ainda vives com o pensamento retrógrado que te foi incutido na tua educação, não, não somos inferiores. Somos seres humanos iguais de direitos e deveres. Merecemos a igualdade, principalmente a igualdade de oportunidades. Merecemos que nos ouçam quando não concordamos com a forma como somos tratadas, quando nos descriminaram no nosso trabalho por sermos mulheres, quando não aceitam a verdade dos factos ao enfrentar um colega do sexo masculino, quando nos ROUBAM no nosso salário porque somos mulheres. Sim, ROUBAM. Porque desempenhamos a mesmíssima tarefa que o nosso colega do lado, quem sabe até com mais responsabilidades, e o nosso salário é quase 50% inferior. E quem rouba alguma coisa é ladrão. Com todas as letras, L A D R Ã O.
Percebeste agora? Já não era sem tempo.